domingo, 1 de novembro de 2015

Vida a Correr

Gira a esfera em roda viva neste mundo a correr. Parece que se não me apressar, depressa vou morrer; e no entanto...como posso eu viver... se não aquieto para ver a vida, lá do fundo a acontecer? Tanto corre-corre para quê, se até me esqueço do que sou, porque sou, e o que me convida? A correr vamos ganhar coisas, assim pensamos...coisas. Ouçam o silêncio do carvalho, que há dele muito para aprender. Esse zéfiro que lhe afaga os vetustos braços, canta-nos a sabedoria das eras aos ouvidos da imaginação. Se apenas esvaziarmos o tanto de que nos enchemos, ufanamos e sofremos, e que por fim cá ficará em pó de nada, talvez então haja espaço para um desprendido abraço ao ser espiritual que somos, porque enquanto correr de ânsia, minh'alma não voa; enquanto olhar apenas para baixo, falharei as cores do arco-íris maior; enquanto estiver cheio, nada poderá entrar. Olho nos teus olhos pois, em silêncio demorado... os teus nos meus a confessarem nús, as dores... de apressado.

Sem comentários:

Enviar um comentário